O EVANGELHO QUE LIBERTA


O EVANGELHO QUE LIBERTA
As boas-novas anunciada aos pobres
[...] O apostolo Paulo foi um dos pioneiros na compreensão do evangelho libertador de Cristo. Ele lutava para que as desigualdades sociais se transfornassem em oportunidades para o serviço cristão. Quanto mais tenho, mais poderei ajudar. Este era o sentido da prosperidade. “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade” (1 Coríntios 16:2).
Lamentavelmente o protestantismo trouxe consigo muito dos interesses da burguesia européia que já não aguentava mais a opressão finenceira que a Igreja Romana impunha aos seus fiéis no século XVI . A Reforma era necessária em todos os sentidos e muitos aproveitaram a liberdade para se lançar a busca desenfreada de mais dinheiro e poder.
Não é muito diferente hoje quando a teologia da prosperidade tenta implatar nas mentes e corações secularizados o agradável discurso das benções materiais de Deus. O Senhor nos faz prosperar, mas será que a prosperidade é somente termos muito dinheiro e conforto?
O evangelho pregado aos pobres tem a intenção de torná-los ricos? A matéria é complexa demais para tentarmos entender em poucas palavras. Uma coisa é certa, Jesus trilhou o caminho da inclusão e nos ensinou que as algemas são quebradas quando a mensagem é pregada com as mãos solícitas. Minha prosperidade esta a serviço do Reino de Deus ou de minhas próprias paixões?
Um dos exemplos mais clássicos nessa inclusão dos pobres ao saudável convívio social aconteceu com o cego Bartimeu. Ele era mendigo e a Biblia nos informa que todos os dias ele mendigava a beira do caminho. “E, saindo ele (Jesus) de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho, mendigando.” (Marcos 10:46).
Sua vida não fazia sentido. Cego e pobre, Bartimeu estava preso as suas limitações físicas e espirituais. Por não poder enxergar, Bartimeu certamente perguntou a alguém que passava por perto sobre o porquê de tamanha confusão naquela solitária estrada. Ao ouvir sobre o Mestre e sobre os milagres que Ele fazia, Bartimeu não exitou em gritar por misericordia. “E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim.” (Marcos 10:47).
Os discípulos de Jesus não entendiam com exatidão o evangelho que liberta o oprimido. “E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi! tem misericórdia de mim.” (Marcos 10:48). Enquanto eles pediam para que Bartimeu se calasse, Jesus queria ouvir a sua voz.
Aquele homem era importante para o Mestre. Este era o caráter do homem que trilhou o imprevisível caminho da inclusão. Ele ouviu o seu clamor. Seu caminho estava posto em direção ao socorro daqueles que ninguém queria ouvir.
Bartimeu vivia a margem da sociedade e sua capa era sua única proteção. “E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus.” (Marcos 10:50). Quando Jesus o chamou ele imediatamente lançou fora suas armas de defesa e correu ao encontro de sua verdadeira liberdade.
Ao se deparar com Bartimeu, Jesus lhe faz a seguinte pergunta: “Que queres que te faça?” (Marcos 10:51). Esta pergunta não foi meramente retórica, mas tinha o sentido incluidor. Enquanto Bartimeu estava pedindo moedas a beira do caminho, ele somente poderia alcançar isso. Jesus olhou para ele e esperava ouvir aquilo que realmente estava em seu coração.
“E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista.” (Marcos 10:51). Esta foi a resposta de Bartimeu. Suas palavras poderiam ser diferentes. “Gostaria de ser visto pelas pessoas que passam por mim.” Ou quem sabe: “Eu sou cego, mas ninguém consegue me ver como um homem que necessita de dignidade e aceitação”.
A deficiência visual de Bartimeu o tornou improdutivo para uma sociedade que não via valor em alguém que não fosse tido como normal. O preconceito excluia e marginalizava. Bartimeu não era o único cego por ali.
Jesus ouviu o clamor de um homem que não tinha perspectiva de futuro. Seus caminhos estavam fadados a uma esquina qualquer, de uma estrada qualquer. A beira do caminho, Bartimeu recebeu a libertação do Mestre que deixou seu trajeto momentâneo a procura de alguém que precisava de socorro.
O impacto que Jesus trouxe a vida de Bartimeu foi tamanho que daquele momento em diante a beira do caminho, onde ele implorava por salvação, se tornou coisa do passado. “E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.” (Marcos 10:52). Bartimeu agora estava incluido aos caminhos de seu libertador.
Não vivemos em uma sociedade muito diferente. Na realidade, somos até mais segregadores que os Judeus do período bíblico. Somos conhecedores da verdade que liberta. Nossa cultura é fundamentada pelos princípios tidos como cristãos e mesmo assim não conseguimos imitar ao Mestre. A Igreja tem falhado muito em sua missão de incluir os marginalizados.
Nossa retórica teológica esta longe de ser parecida com a doce voz do Senhor dizendo: “Que queres que te faça?” Hoje estamos mais dispostos a “unção de multiplicação” ou a “eu quero mais, mais, mais, mais…” Somos mesquinhos e a cada dia nos tornamos mais Fariseus e egoístas, propagadores de um evangelho pobre que somente visa a riqueza pessoal. [...].
Texto extraído do futuro livro: “Os Imprevisíveis Caminhos de Jesus”. Este é o primeiro trabalho do Pr. Eurico C. G. da Costa e em breve será publicado. Deixe seu comentário sobre o assunto.
Pr. Eurico C. G. da Costa
Pastor na Sétima Igreja Batista de Campos
preuricodacosta@ig.com.br

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