Conta-se uma
história de que certa ocasião um homem que estava preso em uma penitenciária de
segurança máxima ao receber a visita de sua mãe corre em sua direção. Ela
alegre ao reve-lo também se direciona a ele com suas mãos estendidas ansiando
por um abraço acolhedor. Os dois se encontram e de repente num lance grosseiro
o homem a segura pelos cabelos e morde com toda sua força o seu nariz. A mulher
cai no chão sem saber ao certo o que aconteceu e eis que seu filho lhe impõe o
dedo e começa a lhe dizer aos gritos: - A culpa é sua, a culpa é sua. A senhora
me colocou aqui nesta prisão. A mulher ainda mais atordoada o pergunta sentindo
o gosto de seu sangue na boca: - O que você esta falando? Minha culpa? - Sim,
sua culpa. Se a senhora não tivesse me mimado tanto desde criança. Se a senhora
tivesse me corrigido nas tantas vezes que eu aprontava pela rua e no colégio.
Se a senhora ao menos conversasse comigo quando eu chegava à casa de madrugada
fedendo bebidas e cigarros. Mas não, a senhora nunca se importou comigo, a
senhora nunca me amou. Agora eu estou aqui por sua culpa.Esta história
parece familiar com outra mais conhecida na Bíblia: “E chamou o SENHOR Deus a
Adão, e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e
temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas
nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? Então disse Adão:
A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi. E disse o
SENHOR Deus à mulher: Por que fizeste isto? E disse a mulher: A serpente me
enganou, e eu comi.” (Gênesis 3.9-13).De quem é a culpa?
Nas duas histórias o outro é sempre culpado pelos erros cometidos. O homem que
estava preso entendia que sua mãe era a causadora de seu presente sofrimento.
Adão responsabilizou Eva pelo seu pecado e Eva da mesma forma acusou outro, a
serpente. Ambos os casos a culpa estava no lado de fora. Nesta forma de pensar
se alguma coisa acontece de errado à responsabilidade primária sempre recai nos
braços do outro.Será que isto
acontece com você? Ou quem sabe estas histórias são apenas ficções descabidas?
Talvez possa ocorrer conosco de uma maneira menos dramática. O homem natural e
o cristão carnal sempre estão dispostos a remover de suas consciências o
pecado. Desta forma, a culpa, que a primeira instância, é o sinal de que algo
não esta correto, deve ser deslocada para bem longe de si. Como Adão, na
maioria das vezes, o homem tende a se esconder por de trás de uma boa acusação.
É por isto que vemos tantos acusadores em nosso meio.As coisas não estão
bem à culpa é de minha esposa. Tudo deu errado o diabo cirandou em minha vida.
Estou no vale Deus se esqueceu de mim. Nossas respostas muitas vezes são uma
afronta ao caráter de Deus. Hipócritas! Ouço Jesus dizendo aos Fariseus de
ontem e de hoje que não conseguem se arrepender de seus pecados, porque
simplesmente eles não se sentem pecadores. Disse Jesus: “O fariseu, estando em
pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os
demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano
[...] O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os
olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim,
pecador!” (Lucas 18.11,13).Existe uma tendência
moderna em considerar que tudo é relativo e o que para mim é errado para o
outro pode ser certo. Seguindo este conceito secular o indivíduo não pode ser
considerado culpado de fato, pois sua consciência é maior que a moral ou a
ética existente em seu contexto social. Lógico que há questionamentos e
ferrenhas discussões sobre este assunto, mas não podemos descartar que esta
forma de pensar tem ganhado cada vez mais força no presente século.Somos responsáveis
pelos nossos atos. Deus fez a possibilidade do livre-arbítrio e o casal no Éden
o tornou real. Quando Adão e Eva pecaram eles implantaram no mundo o direito de
escolhas. A vontade de Deus sobre o homem foi parcialmente transposta e nossa
vontade passou a ser considerada. Foi isto que Josué disse ao povo de Israel:
“Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a
quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do
rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha
casa serviremos ao SENHOR.” (Josué 24.15).Mas afinal de quem
é a culpa? Minha, sua, de todos nós, pois não existem inculpáveis, mas
justificados e remidos por Jesus. Como o livre-arbítrio entrou no mundo pelo
pecado sou culpado ou absolvido pelas escolhas que faço. Se nego a Cristo
continuo longe e miseravelmente destituído da Sua glória, mas se o recebo em
meu coração sou justificado para viver em Seu reino e não mais me martirizar
pelos erros já perdoados.Sendo assim, a
culpa não é o final, mas o meio para atingirmos os propósitos de Deus. Ela deve
ser a porta de entrada para o arrependimento e confissão de pecados, pois se
assim não for ela somente terá o peso de um remorso, que ao contrário do choro
de Pedro pode nos levar a morte como Judas. Precisamos nos arrepender com
urgência, a todo o momento ou corremos o risco de achar que o culpado é sempre
do outro.“E se o meu povo,
que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se
converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os
seus pecados, e sararei a sua terra.” (2 Crônicas 7.14). É chegado o tempo de
nos arrependermos de todo o nosso coração para que Deus possa sarar nossa vida
por inteira. Basta de acharmos que somos inocentes e coitadinhos. Devemos assumir
a responsabilidade e enfrentarmos nossos problemas de frente. Por isto,
apresentemo-nos com humildade pedindo ao Senhor que remova de nós a vergonha do
pecado.
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